De todo não temais; não temais nem homens nem Fados, nem deuses, nem coisa alguma. Dinheiro não temais, nem risada da tolice do povo, nem qualquer outro poder no céu ou sobre a terra ou debaixo da terra. Nu é vosso refúgio como Hadit vossa luz; e Eu sou a potência, força, vigor, de vossas armas.[1]

 

 

Faz o que tu queres há de ser tudo da Lei.

 

 

É com este sopro de inspiração do Liber AL vel Legis que proclamamos o renascimento da Ordem dos Thelemitas ou Ordem de Thelema no Brasil. Esta proclamação inaugura não apenas uma nova etapa da Corrente 93 em solo brasileiro, mas concretiza um antigo sonho de Marcelo Ramos Motta (1931–1987): o de fundar e registrar a Ordem dos Thelemitas como expressão social, iniciática e mágica da Lei de Thelema. Em 30 de dezembro de 1961, Motta escreve a Karl Germer:

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Se eu viver para realizar qualquer trabalho de promulgação de Thelema, não pretendo divulgar a O.T.O. de forma alguma. Trabalharei apenas com o trabalho iniciático e com a Ordem de Thelema (que, se os Deuses permitirem, eu organizarei) para o trabalho maçônico, ou seja, social.[2]

 

Em 1975, Motta reabre o Período de Discurso da A∴A∴ com a publicação de Os Comentários do AL. Ali, no primeiro parágrafo do Manifesto da O.T.O., ele declara:

 

Os escritos literários de Crowley [...] nomeado por TO MEGA THERION como Chefe da Ordem de Thelema [...] nomeando como o Seguidor prometido em Liber AL II:76 Marcelo Ramos Motta, [...] nomeado Chefe Brasileiro da Ordem de Thelema, sendo então um Zelator da A∴A∴.[3]

 

Finalmente, 64 anos depois, a Ordem dos Thelemitas é fundada e registrada no Brasil por um adepto da sexta geração da linha de transmissão de Marcelo Ramos Motta, Frater AHA-ON, 777 ∵, Mestre do Templo 8°=3 da A∴A∴. Essa fundação se dá sob Imprimatur da A∴A∴, conforme a própria Constituição da Ordem dos Thelemitas, redigida por Aleister Crowley em 1921 e agora restaurada integralmente com seus anexos operativos.

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Iniciação e Estrutura

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1. Iniciação na Ordem dos Thelemitas está disponível exclusivamente a Zelatores da A∴A∴. A iniciação representa a integração da Vontade individual a um corpo mágico do Aeon de Hórus. O ingresso está condicionado à consecução do Grau de Zelator na A∴A∴, simbolizando o domínio sobre os Elementos e o primeiro vislumbre da Verdadeira Vontade.

2. Iniciação na Sociedade da Estrela & Serpente está reservada aos Adepti da A∴A∴ e da Ordem dos Thelemitas. A Sociedade representa o Coração e a Alma da Obra: nela, o Amante se une à Estrela. É um colégio interno, místico e magico da Segunda Ordem, dedicado ao mistério de Tiphereth, da Missa Gnóstica, e o obeah e wanga.

3. A Ordem dos Thelemitas trabalha com três abordagens centrais, conforme sua Constituição original:

   1. Ensinar a cada homem e mulher a descobrir sua Verdadeira Vontade e a cultivá-la mediante práticas ritualísticas e atitudes corretas perante a vida (cf. Constituição, §8);

   2. Treinar a comunidade em instituições iluminadas nas quais a Vontade do indivíduo e da comunidade sejam preservadas (cf. Constituição, §7);

   3. Transmitir os Arcanos da O.T.O. por meios simbólicos, instruindo o indivíduo por alegoria e rito nos mistérios do nascimento, vida e morte (cf. Constituição, §7).

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Este Manifesto é o ato inaugural de uma Ordem há muito profetizada, mas jamais plenamente fundada. Hoje, sob a égide da Estrela e da Serpente, e pela autoridade da Corrente 93, a Ordem dos Thelemitas emerge em solo brasileiro como um Corpo de Luz, Fogo e Verdadeira Vontade.

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Amor é a Lei, amor sob vontade.

 

 

Fraternalmente,

Frater AHA-ON 777 ∵ 8°=3

Magister da Ordem dos Thelemitas

 

 

NOTAS:

[1] Aleister Crowley. Liber AL vel Legis, III:17.

[2] Keith Readdy. One Truth and One Spirit. Ibis, 2018, pp.  215, n. 50.

[3] Aleister Crowley & Marcelo Motta. The Commentaries of AL. Weiser, 1975, pp. 269-70.