
O Olho de Hoor é um projeto do Outer College Brasil, linha da A∴A∴ transmitida por Frater AHA-ON 777 através da Ordem dos Thelemitas. É um órgão oficial de divulgação dos trabalhos desses dois Colegiados Thelêmicos. Trata-se de um jornal de pesquisas thelêmicas cuja finalidade é explorar o universo da magia e filosofia de Thelema. Os estudos procuram abranger todo universo que envolve a mística thelêmica, o que inclui Qabalah e Tarot, Yoga, Tantra e Tradição Oriental de Mistérios, Gnosticismo, Hermetismo e tradições rosacrucianas, magia cerimonial e a tradição dos grimórios medievais, a utilização de enteógenos e o papel da gnose na prática espiritual, o uso sacramental do sexo nas operações de magia, e espiritualidade das sombras, i.e. feitiçaria.
Aleister Crowley foi um dos homens mais influentes de seu tempo. Revolucionário, suas ideias formaram a estrutura de todos os movimentos sociais que eclodiram nos últimos 50 anos: a revolução sexual na década de 60-70; a passeata feminista com a queima dos sutiãs e a revolução musical causada pelo movimento rock’n rollI etc. Um dos maiores legados de Crowley como incansável magista, foi tirar a magia do campo da crendice e superficialidade elevando-a ao grau de ciência. Nesse sentido sua divisa era: nosso método é a ciência, nosso objetivo é a religião. Para distinguir a ciência que ele ensinava das encenações e fraudes charlatanescas, Crowley reutilizou o termo magick, dando ao seu sistema um significado completamente sexual, pois «K» é a letra de kteis, quer dizer, vagina. A essência da magia ensinada por Crowley é de caráter sexual. Mas o que ele fez não era nada de novo. Na Tradição Arcana, os Mistérios são de natureza essencialmente física, mais precisamente, fisiológica, psico-sexual. O que Crowley fez foi redescobrir uma tradição antiga, pré-cristã, num período no tempo tão vastamente antigo onde a Gnose Primordial dos mistérios físicos ainda não havia se deturpado em mistérios metafísicos. A esta tradição arcaica ele deu o nome de Thelema, do grego, «vontade». O âmago da doutrina thelêmica de Aleister Crowley é que cada ser humano brilha como uma estrela no firmamento. Embotado pela cegueira da ignorância espiritual, o homem não consegue perceber sua verdadeira natureza divina, pois como diz a Missa Gnóstica, não existe parte de mim que não seja dos deuses. Para Crowley, o homem deve realizar a sua Verdadeira Vontade, sua Verdadeira Natureza interior. No seu último grande trabalho, Magick Without Tears, Crowley postulou que a evolução da humanidade se daria quando cada indivíduo estabelecesse uma conexão pessoal com entidades que estão além da realidade humana.
O Olho de Hoor trata-se de publicar e encontrar êxtase na publicação. É um trabalho que vem do Colegiado dos Eremitas e cuja função é a promulgação dos arcanos mágicos e místicos da Filosofia de Thelema. Aleister Crowley nos ensinou a manter registros acurados de todos os experimentos mágicos e místicos, bem como produzir anotações adjacentes as descobertas que estes experimentos produziram, acompanhados de muito estudo, O Primeiro Volume de O Olho de Hoor é composto por 10 números, publicados entre 2015 a 2018 e.v. Após um período de sete anos de Silêncio, retomamos aos trabalhos públicos e em 2025 e.v. lançaremos a Edição no. 1 do Segundo Volume, Os Comentários do AL.

PRIMEIRO VOLUME
Olho de Hoor: Zero é uma edição especial de inauguração. Trata-se de uma revisão e ampliação do conteúdo que apareceu em O Olho de Hoor, Vol. I, No. 0. Quando alguém começa a estudar Aleister Crowley, ele ou ela entra em um universo a parte. Thelema e Aleister Crowley não se tratam de um campo de estudo e é muito difícil um indivíduo conseguir capturar sua essência. Como a parábola do homem cego e o elefante, as pessoas reportam apenas aquilo que conseguem perceber. O Olho de Hoor tem o objetivo de transmitir o Sistema Mágico-Iniciático de Aleister Crowley, oferecendo instrução sobre seus ensinamentos práticos e teóricos. O propósito fundamental de O Olho de Hoor é servir de guia seguro àqueles que buscam compreender os ensinamentos de Crowley. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
Os métodos principais de consecução espiritual da A∴A∴ são a magia e o yoga. Esses serão, portanto, os dois temas principais de O Olho de Hoor. Embora o yoga seja amplamente abordado pela Ordem, nos últimos vinte anos tenho notado total displicência por parte da maioria dos Irmãos. Assim, O Olho de Hoor traz uma coluna de estudos profundos acerca do yoga, na intenção de melhorar a qualidade das práticas e o entendimento mais fiel da tradição e seus reais benefícios na jornada espiritual. Algumas matérias trarão conteúdo prático, tanto de yoga quanto de magia. Os rituais de magia publicados em O Olho de Hoor seguem os códices thelêmicos e foram designados para prática pessoal, mas podem ser adaptados para execução em grupo. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
O tema da presente edição é a Tarefa do Adepto Menor na Santa Ordem A∴A∴. A imagem o Adepto Menor, pitada por Nicolas Furlan Moraes, demonstra o Adepto na jornada para completar sua Tarefa. Na concepção do desenho, os Quatro Mundos de Tiphereth na Árvore da Vida são demonstrados nas quatro imagens dos Seis de Discos, Espadas, Copas e Bastões. Os Quatro Mundos da Qabalah representam o modelo de criação designado pelos qabalístas, que ocorre através de sucessivas emanações do Nada além da esfera de Kether ao estado mais denso da matéria, Malkuth. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
O tema da edição anterior foi a Tarefa do Adepto Menor na A∴A∴. No Sistema de Iniciação da Santa Ordem, o Adepto Menor deve conquistar um importante passo na sua jornada espiritual, que é receber a instrução do daimon pessoal, o Ente Guardião. Aleister Crowley formulou todo o sistema mágico e místico da A∴A∴ para levar o Adepto a essa etapa da iniciação, que ele disse ser o próximo passo na cons-ciência evolutiva do homem. Para essa tarefa sagrada, ele formulou um sistema particular de prática mística e mágica que batizou de Magick. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
A presente edição traz uma avaliação pormenor do trabalho mágico do Neófito 1°=10* da A∴A∴ e uma introdução ao Ofício Mágico da Mulher Escarlate. A essência do trabalho do Neófito que ele ponha de lado toda a complexidade de ideias, conceitos, teorias e, assim, penetre num mundo de pensamento em que a vida é simples e a direção retilínea, em que o certo e o errado estão claramente definidos e no qual as perspectivas que se abrem diante de nós são corretas e inteligíveis. Este volume analisa o Trabalho Mágico do Neófito e o Ofício de Mulher Escarlate. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
Nas edições de O Olho de Hoor, Frater Set-Apehpeh, 246 ∵ compartilhará sua Tese Mágica. Ela trata, em um primeiro momento, dos Caminhos na Árvore da Vida acionados pelo misticismo thelêmico do Sistema da A∴A∴ e O.T.O. Em um segundo momento, a Tese Mágica examinará todo o Sistema de Iniciação da A∴A∴, encontrando falhas e propondo soluções. O Outer College Brasil atualmente propõe muitas atualizações no Sistema de Iniciação proposto pela A∴A∴. O objetivo dessa Tese Mágica é, portanto, apresentar uma revisão e atualização na estrutura da Santa Ordem. O Caminho nós temos, O Livro da Lei. Uma dessas mudanças consiste no trabalho com duas Fórmulas Mágicas: a Fórmula Mágica de Therion e a Fórmula Mágica de Babalon. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
O tema desta edição é: Misticismo Thelêmico. O Misticismo tem sido uma linguagem universal te todas as tradições idealistas do globo e trata-se da experiência direta com o divino. Isso define o que é o misticismo como objetivo último e como o caminho para alcança-lo. E uma vez que o misticismo é tanto o caminho quanto o objetivo, ele pode ser definido também pelos termos da experiência mística ou divina. E se tratando de uma experiência com o divino, nenhum nome ou rótulo consegue definir ou traduzir o que é essa experiência. Muitos são os nomes utilizados com essa finalidade: iluminação, consciência cósmica, grande obra, travessia do abismo, união dos opostos, samādhi etc. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
Vinte anos atrás eu li pela primeira vez nas palavras de Aleister Crowley (1875-1947) em seu famoso LIVRO QUATRO o seguinte postulado: Meditação: A Consecução do Gênio ou Divindade, considerada como um desenvolvimento do cérebro humano. Eu tenho de me debruçado sobre esse postulado desde então. Na época eu possuía apenas dezoito anos e já me interessava fazia algum tempo por yoga, tradição tântrica, magia etc. Eu acabava de ser admitido como Probacionista da A∴A∴ e meu Superior me deu a seguinte tarefa: digitalizar todo o manuscrito de Marcelo Motta (1931-1987) de sua tradução do LIVRO QUATRO que ele batizou no Brasil como MISTICISMO & MAGIA. O tema deste número é o Yoga de Aleister Crowley. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
Na presente edição nossa matéria de estudo é o Ofício da Mulher Escarlate. Por que escarlate? O termo Mulher Escarlate ou Prostituta da Babilônia é derivado de O LIVRO DAS REVELAÇÕES. A cor escarlate, desde tempos imemoriais, tem sido associada a imortalidade. Esta era a cor da vestimenta cerimonial dos antigos sacerdotes e sacerdotisas fenícias e babi-lônias. Esta é a cor do sacrifício a Deusa Primordial, a cor do sacramento lunar desprovido de karma: O melhor sangue é da lua, mensalmente: em seguida o sangue fresco de uma criança, ou destilando da hoste do céu: em seguida de inimigos; em seguida do sacer-dote ou dos adoradores: finalmente de alguma besta. Escarlate é uma cor vibrante, ¾ vermelho e ¼ laranja. Laranja e vermelho são as cores associadas a Hod e Geburah, ambas no Pilar da Mão Esquerda na Árvore da Vida. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
O tema da presente edição é O Entusiasmo Energizado de Aleister Crowley e consiste do estudo do Atu XI do Tarot de Thoth, Tesão. Nós nos debruçaremos, portanto, sobre o Caminho de Teth na Árvore da Vida. Este é o primeiro caminho atribuído ao Segundo Grau da O.T.O. Cada um dos Graus da Ordo Templi Orientis, O.T.O., está relacionado a um conjunto de sephiroth e caminhos na Árvore da Vida. O Segundo Grau da O.T.O. envolve os Caminhos de Teth (Tesão), Yod (O Eremita) e Lamed (Justiça). Estes caminhos conectam três sephiroth: Chesed, Geburah e Tiphereth. Nós exploramos bastante os Arcanos de Iniciação do Segundo Grau da O.T.O. em O Olho de Hoor, Vol. I., No.3 e o leitor é indicado a leitura. No estudo dessa edição, continuaremos a jornada pelo Segundo Grau da O.T.O., explorando os Mistérios da Vida Plena, quer dizer, a Vida em acordo com a verdadeira Vontade. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.

SEGUNDO VOLUME
A publicação de Os Comentários do AL por Marcelo Ramos Motta (1931–1987) em 1975 e.v. constituiu um marco definitivo na história contemporânea da A∴A∴ e na transmissão moderna da Lei de Thelema. Pela primeira vez desde a morte de Aleister Crowley (1875–1947), Liber AL vel Legis foi publicado com Imprimatur Oficial da A∴A∴, acompanhado de notas autorizadas e do aparato interpretativo de um Præmonstrator vivo, herdeiro direto da cadeia iniciática. Essa edição não foi apenas um gesto editorial, mas um ato mágico e profético: reabriu formalmente o Período de Discurso da A∴A∴ e restaurou a sucessão espiritual visível entre Aiwass, Crowley, Karl Germer (1885–1962) e Marcelo Motta. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.
Este livro é sobre magia sexual thelêmica. Trata-se em última análise da busca do magista cerimonial ocidental pelo segredo supremo da deificação da alma através do poder de seu PHALLUS. Desde a puberdade o homem estabelece um vínculo profundo entre sua masculinidade e seu pênis, descobrindo uma forma de prazer solitário. Ele crê que seu pênis não é só um órgão de prazer, mas também acredita possuir uma arma de dominação. Existe uma maneira errada e uma maneira correta de usar seu pênis, porque tudo abaixo do Abismo está imerso na dualidade. Desinformado, o homem seu pênis geralmente sempre é uma forma de abuso e, na melhor das circunstâncias, uma ferramenta de procriação. Na nossa cultura ninguém é ensinado que o pênis, ou melhor, o PHALLUS, tem uma conexão direta com o Um Deus Verdadeiro. Este é o eixo ao redor do qual se organiza a magia sexual thelêmica. Clique na imagem para ser direcionado a compra desta edição.

SUPLEMENTOS DE ESTUDO
ASTROLOGIA COMO CAMINHO A VERDADEIRA VONTADE
Astrologia para Thelemitas

Astrologia para Thelemitas é um convite à rememoração da Verdadeira Vontade por meio de uma abordagem simbólica, mística e rigorosamente moderna da astrologia. Muito além da prática divinatória ou de especulações deterministas, esta obra propõe uma leitura da astrologia como ciência sagrada e ferramenta iniciática. Embasado na psicologia arquetípica de Carl Gustav Jung, no pensamento astrológico de autores como Dane Rudhyar e na estrutura mágica e mística da Corrente 93, o livro apresenta o Mapa Natal como um reflexo cifrado da alma encarnada, uma Árvore da Vida pessoal cujo centro é o Sol interior, Tiphereth. Aqui, os planetas não são agentes externos que impõem fatalidades, mas símbolos vivos da anatomia oculta da consciência, reflexos da tensão entre microcosmo e macrocosmo, imagens do espírito em sua jornada de individuação.
Neste processo, a figura de Aletheia – deusa grega da Verdade e antítese do esquecimento simbolizado pelo Rio Lete – é evocada como chave mitológica do trabalho astrológico para thelemitas. A astrologia torna-se, então, um espelho iniciático onde cada aspecto, cada signo e cada casa são portais para a lembrança da missão espiritual da alma encarnada. Assim como Aletheia emerge do poço sagrado onde a Verdade se esconde, o Mapa Natal se revela como um instrumento capaz de dissipar as névoas da ignorância e reacender a centelha divina da Vontade. Este livro não é um compêndio de receitas, mas um roteiro de iniciação. Ao desvelar os princípios da astrologia dentro do paradigma mágico de Thelema, oferece ao leitor as chaves para recordar aquilo que o nascimento na geração fez esquecer: sua Estrela, sua Vontade, seu Caminho.
AS FUNDAÇÕES DO TRABALHO ASTROLÓGICO
Astrologia para Thelemitas

Este primeiro capítulo de Astrologia para Thelemitas disserta sobre às raízes espirituais da astrologia, resgatando sua função original como mapa da alma em sua travessia eterna. Em contraste com a visão reducionista moderna que a considera uma superstição, a astrologia aqui restitui seu estatuto de arte sagrada, onde cada carta natal é um espelho celeste da Verdadeira Vontade. Inspirando-se em Platão, Pitágoras, Crowley e nos Mistérios gregos, o texto revela como o nascimento é, na verdade, a cristalização de uma escolha feita pela alma — um pacto firmado antes da encarnação, cujas chaves simbólicas permanecem impressas nas estrelas.
Ao centro desta sabedoria está o daimōn — o espírito guardião, ou Sagrado Anjo Guardião — designado pela deusa Láquesis para acompanhar e executar a escolha encarnatória da alma. Longe de ser apenas um conceito mitológico, o daimōn emerge aqui como figura viva, intermediário entre o Espírito e o mundo, cuja função é recordar à alma sua missão, mesmo quando mergulhada nas águas do esquecimento. Assim, mais do que um estudo técnico, este capítulo é uma convocação iniciática: compreender o horóscopo é recordar o caminho, e reencontrar o daimōn é reencontrar a si mesmo.
A VERDADEIRA VONTADE, OS NODOS E O LOTE DA FORTUNA
Astrologia para Thelemitas

Neste téxto da série Astrologia para Thelemitas, somos conduzidos por uma reflexão profunda e reveladora sobre os instrumentos celestes que iluminam o caminho da Verdadeira Vontade. Frater AHA-ON 777 entrelaça os princípios da cultura mágico-religiosa thelêmica com o simbolismo esotérico da astrologia, revelando que a Carta Natal não é apenas um mapa de influências planetárias, mas sim um fluxograma energético que codifica a missão espiritual da Alma. Explorando os Mistérios Maiores e Menores à luz da Árvore da Vida e da Qabalah Tântrica, que une os arcanos de mistérios do Ocidente e Oriente, o texto demonstra como o Sol, a Lua e o Ascendente – aliados ao misterioso Lote da Fortuna – formam a tríade iniciática que sustenta o Khabs oculto no Khu, a centelha divina velada pela encarnação.
Ao introduzir os Nodos Lunares como os polos do dragão alquímico – Cabeça e Cauda –, o texto revela que o caminho da Verdadeira Vontade é uma jornada de autossuperação em direção à Pedra Filosofal. O Nodo Norte, nossa Estrela do Norte interior, aponta o destino da Alma; o Nodo Sul, as sombras acumuladas a serem transcendidas. Com referências ao Mito de Er, o Sagrado Anjo Guardião e ao ritual solar Liber Resh, o texto inspira o Aspirante a reconhecer que sua encarnação não é acidental, mas uma escolha sagrada. A leitura deste ensaio é uma convocação: que o leitor empunhe sua Lança Solar, descubra seu Lote como um Graal interior e proclame com ousadia o Verbo da Criação – Abrahadabra. Pois conhecer a Fortuna é conhecer a Vontade, e realizá-la é viver como um astro consciente na dança do Cosmos.
THELEMA VS QUIMBANDA OU MISTICISMO VS MAGIA
O Olho de Hoor

O texto Magia vs Misticismo, sendo: Quimbanda vs Thelema, é um relato iniciático que atravessa décadas de vivência mágica e mística, culminando em um retorno dramático à Corrente 93 após um ciclo de silêncio espiritual. Redigido sob a inspiração do Equinócio de Outono de 2024, o ensaio se estrutura como um testamento mágico e autobiográfico que confronta a cisão entre duas abordagens fundamentais do esoterismo ocidental: de um lado, a psicurgia moderna da magia mística ocidental, simbolizada por Thelema; de outro, a crueza taumatúrgica da Quimbanda, com seus pactos vivos, suas entidades encarnadas e sua operação concreta sobre o mundo. A narrativa percorre experiências vividas em ciclos equinociais que moldaram o destino do autor — ritos de passagem, iniciações em diversas linhas da Quimbanda, e visões espirituais decisivas — até o reencontro com o espírito vivo de Aiwass, o retorno ao sādhanā thelêmico e a consagração ao Grau de Mestre do Templo na A∴A∴.
Mais do que um confronto, o texto propõe uma síntese viva e perigosa entre sistemas. A Quimbanda aparece como a força ctônica que devolve Thelema sua dimensão mágica — concreta, encarnada, eficaz —, restituindo-lhe os pactos, os espíritos e o poder real que o Iluminismo Científico havia domesticado. Ao recusar a redução da magia a uma estética terapêutica ou a um arcabouço simbólico, Liguori reclama uma prática viva e ousada, onde a Verdadeira Vontade não é descoberta em abstração, mas forjada na carne, no sangue e no chão das encruzilhadas. Assim, o ensaio afirma a Quimbanda como a irmã esquecida e necessária da magia ocidental — não como uma alternativa, mas como seu renascimento possível. A estrela volta a brilhar, porque tocou o lodo. E Thelema, para ser novamente perigosa, precisa descer ao Inferno com os olhos bem abertos.
CONHECENDO A BESTA 666: BIOGRAFIAS DE CROWLEY
O Olho de Hoor

O texto Conhecendo a Besta 666: Biografias Formidáveis de Aleister Crowley, de Fernando Liguori, apresenta uma análise historiográfica e iniciática sobre a recepção da figura de Crowley na literatura esotérica e acadêmica moderna. Com foco particular na formação de Probacionistas da A∴A∴, o autor avalia criticamente o papel das principais biografias de Crowley desde a década de 1950, iniciando com John Symonds, cuja obra é reconhecida por seu acesso privilegiado a fontes primárias, mas também criticada por sua abordagem moralizante e hostil. Liguori compara Symonds a Israel Regardie e Gerald Suster, que buscaram, com maior empatia e profundidade psicológica, restaurar a dimensão espiritual e humana da figura de Crowley. As críticas e contribuições desses autores são articuladas com refinamento doutrinário e bibliográfico, revelando um esforço por parte de Liguori em fornecer aos iniciados uma leitura orientada e crítica do legado thelêmico.
No segundo plano do ensaio, Liguori explora as obras visionárias de Kenneth Grant como propostas de uma releitura cosmológica e gnóstica de Crowley, em diálogo com correntes subterrâneas do esoterismo moderno, como o ocultismo de Austin Osman Spare, a ficção mitopoética de H. P. Lovecraft e a magia sexual de inspiração draconiana. Grant é apresentado como um herdeiro transgressor que reconfigura o sistema thelêmico a partir da imaginação extática e da gnōsis atávica, em contraste com a abordagem historiográfica e documental de Richard Kaczynski, cuja obra Perdurabo é tratada como a mais exaustiva e equilibrada biografia acadêmica de Crowley até hoje. O ensaio se destaca, assim, por conjugar crítica historiográfica, análise doutrinária e testemunho iniciático, oferecendo uma cartografia intelectual e espiritual da figura de Aleister Crowley no cruzamento entre tradição e subversão.
O LEÃO, O FALO & A LANÇA: SEGREDOS DO IX° GRAU
O Olho de Hoor

O presente ensaio, O Leão, o Falo & a Lança: Notas sobre o IX°, constitui a versão editada de uma carta-resposta enviada pelo autor a um interlocutor interessado no projeto A Lança & o Graal, obra em preparação. Embora redigido originalmente em tom epistolar, o texto foi retrabalhado para publicação como parte da série O Olho de Hoor, mantendo seu caráter didático e introdutório. Seu objetivo é oferecer um panorama interpretativo sobre os fundamentos do IX° O.T.O., com base em fontes primárias da tradição thelêmica, especialmente Liber Agape, Liber Aleph, De Arte Mágica e as cartas de Aleister Crowley a Grady McMurtry.
A abordagem adotada combina análise doutrinária e leitura simbólica das operações do grau, com atenção às suas origens históricas e às tensões que envolvem sua transmissão, eficácia e estrutura ritual. Longe de propor uma sistematização exaustiva ou um manual de práticas, o texto busca reafirmar a centralidade do falo consagrado — como Lança, Leão e veículo do Logos — no arcabouço da magia sexual thelêmica, defendendo a necessidade de rigor simbólico e integridade operativa frente às interpretações relativistas modernas. A publicação desta carta, portanto, responde ao esforço de tornar acessíveis certas chaves fundamentais da tradição iniciática, sem romper com o necessário véu do silêncio que envolve os graus superiores da O.T.O.
FEMINISMO, A PALAVRA PERDIDA & A IMAGO
O Olho de Hoor

O ensaio Feminismo, a Palavra Perdida & a Dissolução da Imago insere-se no corpus mais amplo da obra A Lança & o Graal, contribuindo com uma análise técnico-esotérica dos fundamentos da magia sexual thelêmica, em especial no que tange à doutrina do IX° Grau da O.T.O. A partir de um rigoroso aparato simbólico, doutrinário e histórico, o texto articula o debate em torno da centralidade do PHALLUS como arquétipo operante, contrapondo-se às releituras contemporâneas que tendem a abstrair ou neutralizar seu conteúdo metafísico em nome de discursos igualitaristas. Ancorando-se em fontes primárias de Aleister Crowley, J.F.C. Fuller, Gerald Yorke e outros representantes da Tradição Thelêmica, o ensaio argumenta que a Palavra Perdida — eixo ritual da gnose fálica — depende de uma polarização simbólica não apenas ritualística, mas ontológica, sem a qual os Mistérios do Graal perdem seu fundamento operativo.
O texto propõe ainda uma crítica contundente à transposição ideológica do feminismo moderno ao interior das práticas iniciáticas, sugerindo que tal deslocamento resulta não na integração do feminino ao corpus thelêmico, mas na dissolução de sua arquitetura simbólica tradicional. Longe de rejeitar o princípio feminino, Liguori reitera a complementaridade Nuit-Hadit como base da hierogamia mágica, defendendo que os Mistérios exigem não simetria política, mas polaridade energética. A análise, formulada em linguagem acadêmica precisa, com aparato bibliográfico documentado e estilo ensaístico disciplinado, representa uma contribuição original e necessária ao debate sobre gênero, simbolismo e eficácia ritual na tradição de Thelema, recolocando no centro do debate esotérico a tensão entre tradição e contemporaneidade à luz do Segredo iniciático do IX°.
DO MONTE ABIEGNUS: OUTER COLLEGE BRASIL
Carta sobre Legitimidade

A presente carta, datada de 7 de abril de 2025 e.v. e intitulada Carta do Monte Abiegnus sobre Nossa Legitimidade, constitui um documento epistolar doutrinário de natureza declaratória, vinculado às atividades do Outer College Brasil e à Ordem dos Thelemitas. Escrita por Frater AHA-ON 777, sob a insígnia 8°=3□, ela se inscreve no gênero das cartas-missivas de afirmação iniciática e posicionamento esotérico, articulando uma resposta teológica, histórica e autobiográfica a um interlocutor crítico da linha da A∴A∴ ali defendida. A carta se destaca por seu teor altamente confessional, marcado por um tom combativo e erudito, no qual se fundem argumentos iniciáticos, referências bibliográficas especializadas (como J. Edward Cornelius e Julius Evola), reconstruções genealógicas de linhas thelêmicas e uma explícita crítica ao que o autor denomina de assimilação woke nas instituições thelêmicas contemporâneas. A estrutura do texto remete às tradições epistolares iniciáticas que afirmam a autoridade espiritual pela obra e pela realização mágica pessoal. Enquanto artefato documental, a carta fornece material valioso para a compreensão da recepção contemporânea de Aleister Crowley na América Latina, da diversidade de linhas pós-crowleyanas e das tensões entre ortodoxia institucional e afirmações carismáticas de autoridade espiritual no interior do esoterismo moderno.
DEPRESSÃO: A FRAGMENTAÇÃO DOS QUERUBINS INTERNOS
Carta a um Probacionista

Sob a égide da Sagrada A∴A∴, o Colegiado dos Eremitas no Monte Abiegnus reúne irmãos e irmãs comprometidos com a Luz, dedicados à transmissão dos Ensinamentos da Corrente 93 por meio de cartas espirituais, exortações iniciáticas e comentários sobre os Livros Sagrados. Aqui se erguem palavras como pontes sobre abismos: parábolas são decifradas, símbolos são encarnados, e os gritos silenciosos da alma encontram resposta nos ecos do Liber LXV. Aos que vagam entre o trigo e suspiram, oferecemos direção; aos que afundam na névoa, acendemos tochas. Pois todo o trabalho é santo — e todo sofrimento, uma alvorada velada.
Adonai falou a V.V.V.V.V., dizendo: Deve haver sempre divisão na palavra. Pois as cores são muitas, mas a luz é uma só. — Liber Cordis Cincti Serpente, I:2-3.
Sediado na Montanha Silenciosa onde a Palavra se faz carne em letras de fogo, o Colegiado dos Eremitas no Monte Abiegnus é um ponto de convergência entre o estudo profundo da tradição thelêmica e a transmissão espiritual direta aos que, no deserto da alma, suspiram por Unidade. Sob a inspiração do Mestre V.V.V.V.V., buscamos revelar o Um por trás das imagens, e ensinar o Caminho a cada alma que — como a donzela entre os trigais — encontra no florescer do narciso o chamado à descida de Hades. Acolhemos e orientamos os Probacionistas da A∴A∴ através de cartas vivas, parábolas comentadas, doutrina iluminada e exercícios ritualísticos, restaurando em cada fragmento a memória do Todo. Pois as cores são muitas, mas a Luz é uma só — e é nosso voto conduzir cada buscador à contemplação silenciosa dessa única Chama, que por amor se fragmenta — e por amor, retorna.
ENTRE VÉUS E ESTRELAS: DE NUBIBUS AD STELLAS
Carta ao Neófito seduzido

Neste fragmento do Livro das Vozes Santas, um Mestre do Templo responde a um Neófito que, tendo sido tocado pela Luz, volta os olhos para as sombras. A carta não é admoestação moral, mas chamado espiritual. Com beleza serena e rigor doutrinário, Frater AHA-ON 777 traça o mapa da queda — não como condenação, mas como curva da jornada — e oferece a chave da ascensão: reconhecer o reflexo, distinguir o véu, e reencontrar a Mulher verdadeira — não a elemental do consolo, mas a Escarlate do Cálice.
Há um véu: esse véu é negro. É o véu da vida e do sofrimento, e da morte: este também é o véu da mulher. Tu não deves retirá-lo. Mas eu o retirei e mostrei o esplendor interior [...]. — Liber Cordis Cincti Serpente, v:58.
Com citações precisas dos Livros Sagrados e comentários extraídos da literatura thelêmica, esta carta é um chamado à coragem, à renúncia dos reflexos e à fidelidade à Vontade. Que sirva não apenas ao Neófito, mas a todo aquele que, no Caminho, tropeça ante a miragem do afeto sem verdade.
Lê, contempla e desperta.
A PORTA ESTÁ ABERTA: ET PORTA PATET, COR MAGIS
Carta a um Probacionista

O Caminho é contínuo, mas não ininterrupto. Há ciclos, provas, purificações — e reencontros. A carta que segue é enviada a um Probacionista da linha de McMurtry que, tendo cumprido parte de sua jornada, busca agora integrar-se ao Outer College Brasil da A∴A∴. Ela formaliza os passos necessários para essa transição com sobriedade, clareza e espírito fraterno.
Pois ela é a amada, e o companheiro da amada, e o fogo e o fragrante incenso, e o vinho e o pão, e a flor e a relva e os brilhantes lagos do céu. É também o luar e o luar reflexo no lago. Ó tu que aspiraste a união com ela, conhece-a em cada forma. — Liber Cordis Cincti Serpente, II:11.
Assim é também a Ordem: Una em essência, múltipla em seus reflexos. A mudança de linha não é ruptura, mas continuação — quando feita sob Vontade. O que se exige é a integridade do compromisso, a fidelidade ao Trabalho, e o desejo puro de prosseguir na senda sob a luz da Estrela. Este chamado reitera o valor da memória, do diário, da voz e do silêncio. Aqui, o juramento é a semente, o diário é o solo, a recitação é o vento, e a avaliação oral é o Sol. Que o Probacionista, pronto para tornar-se Neófito, celebre essa transição com firmeza e alegria.
A TOCHA DA ATENÇÃO DISSIPA AS NÉVOAS: DE VIA LUCIS
Carta a um Probacionista

Esta epístola nasce do ofício silencioso dos Eremitas no Monte Abiegnus, respondendo à inquietação de um Probacionista tomado pela dispersão mental, pelo esquecimento e pela perda de foco. Inspirada na parábola do Cisne de Liber LXV, ela recorda que o voo espiritual não é orientado por metas externas, mas sustentado pela pura alegria do movimento contínuo. O aspirante não deve esperar clareza súbita, mas praticar com constância: cada meditação, cada ritual, cada linha anotada é um bater de asas que o mantém alçado sobre as águas do abismo.
Ao mesmo tempo, a carta resgata o exemplo do ceifador jubiloso e do homem sábio entristecido: aquele que age com firmeza avança, enquanto o que calcula em excesso paralisa. A mente, diz-se, é um animal a ser treinado — não por adorno intelectual, mas como arma da Vontade. Por isso, práticas como āsana, prāṇāyāma, a memória mágica e o diário são apontadas como chaves para atravessar as névoas interiores. Contra as miragens da forma, o conselho é simples: ama tua prática — pois o que amas, habitarás.
A FERIDA COMO PORTA: VIA VULNERIS, VIA VERITATIS
Carta a um Probacionista

Entre as muitas parábolas que iluminam o Liber LXV, talvez nenhuma seja tão precisa para este momento quanto aquela do Cisne que voa sem direção — e, no entanto, descobre no próprio voo o júbilo indizível da Vontade. Assim também é o caminho do Probacionista cuja Carta Natal traz Quíron em destaque: sua ferida, longe de ser um obstáculo, é a chave do Templo. A epístola que segue, enviada a um Probacionista da A∴A∴ que se vê dividido entre a dor e o desejo de servir à Luz, revela o modo como a dor pode ser transfigurada em Graal, a memória fragmentada pode tornar-se Lâmpada, e a flecha envenenada pode indicar o Norte. Em sua dor, já pulsa a Verdadeira Vontadepois o Arqueiro perfurou o escuro coração do eu com sua flecha, e jorrou ouro e vinho.
Nesta carta, traçam-se dois caminhos convergentes: a via mística do silêncio e da concentração, conforme o Liber E, e a via mágica da reconstrução simbólica através dos rituais do Liber O, das alegorias iniciáticas de Liber 536 e da transmutação dolorosa proposta pelo Liber LXX. Acompanhada de citações dos Livros Sagrados — Liber AL, Liber VII, Liber LXV —, esta instrução oferece não um consolo, mas uma convocação. Pois a ferida não é algo a ser apagado: ela é a própria escritura da alma. E como nos ensina o cisne: Não há alegria indizível nesse voar sem rumo? (Liber LXV, II:24). Que cada discípulo que se veja ferido saiba, agora, que é a própria ferida que o chama ao Coração da Obra.
PROBACIONISTA ANSIOSA: DE TARDITATE SAPIENTIAE
Carta a uma Probacionista
.png)
A carta De Tarditate Sapientiae — Epistola ad Probationem aborda uma inquietação profunda e comum entre os novos aspirantes à Luz: a ânsia por sabedoria antes do tempo. Enviada a uma jovem Probacionista de apenas vinte anos, ela reconhece o valor da sede espiritual, mas adverte contra os perigos da pressa. Inspirando-se em parábolas de Liber LXV, como a flor que murcha por nascer fora de tempo (II:10) e o ceifeiro que se alegra com o simples ato de ceifar (I:56), a carta oferece uma visão iniciática da maturação espiritual: não como conquista apressada, mas como florescimento gradual. Assim como os odus de Ifá demandam décadas para serem compreendidos por um bàbáláwo, os Livros Sagrados de Thelema requerem que o corpo, a mente e a alma amadureçam em uníssono antes que sua luz possa ser plenamente corporificada.
Com citação a Carl Gustav Jung e instruções extraídas dos Livros Sagrados, a carta enfatiza que a sabedoria verdadeira não brota da velocidade, mas da constância e da harmonia interior. O encerramento evoca o 9° aethyr de Liber 418, no qual o Hierofante — Atu V do Tarot de Thoth — aparece como arquétipo da sabedoria transmitida, não pela força, mas pela paciência. O Adepto que ensina também já foi o jovem que esperava. Meditar sobre esse arcano e sobre os aethyres revelados é aconselhado como remédio espiritual contra a ansiedade. Esta epístola é um lembrete tocante de que a escada da Iniciação é feita de versos, práticas e silêncios, e que cada degrau leva não ao apogeu imediato, mas à realização eterna da Verdadeira Vontade.
VERDADE NO SILÊNCIO: DE VERITATE TRANSMISSAE
Carta a uma Probacionista

Esta carta responde a uma dúvida recorrente entre estudantes sinceros da A∴A∴: qual o valor real das linhas de transmissão, das publicações, das instruções e dos nomes por trás das tradições? Partindo da prática sagrada da anotação no diário mágico — explicitada em Liber E e exemplificada nos registros dO The Equinox —, Liguori argumenta que a escrita mágica não é apenas um testemunho de progresso, mas uma ferramenta de transmutação iniciática, onde o Ego é decantado sob a luz do Sagrado Anjo Guardião. A epístola, enraizada nos Livros Sagrados de Thelema e acompanhada de aforismos cuidadosamente destilados, evidencia que o verdadeiro método de um Mestre do Templo não é o da imposição doutrinária, mas o da vibração silenciosa que ilumina por dentro, como o bastão do Eremita no Atu IX do Tarot de Thoth.
A segunda parte da carta trata diretamente da controvérsia histórica sobre as linhas de transmissão da A∴A∴, problematizando a autoridade exotérica por meio da sabedoria esotérica. A partir de Liber Aleph e de Liber 418, a carta lembra que todos os templos, selos e nomes são véus — máscaras protetoras da Verdade. Sua conclusão se ancora na parábola do beija-flor e da serpente sagrada de Liber LXV, como imagem da iniciação que só se realiza no silêncio, na paciência e na fidelidade interior. Ao final, o leitor é convidado a meditar sobre o Atu XIV do Tarot de Thoth (A Arte), como símbolo da verdadeira transmutação. Esta carta não oferece genealogias — oferece um espelho: para que cada Aspirante se examine e descubra se sua linha de transmissão é institucional ou existencial. E se, enfim, caminha com a tocha do Eremita ou com a inquietação do beija-flor.
MOTTA, MEMÓRIA & MISSÃO: DE RECEPTACULO IGNEAE EPISTOLA
Carta a uma Probacionista

Esta epístola responde à dúvida sincera de uma Probacionista sobre o papel histórico e iniciático de Marcelo Ramos Motta na continuidade da Tradição da A∴A∴ no Séc. XX. Com rigor documental e fidelidade doutrinária, a carta reconstitui o impacto fundamental da publicação de The Commentaries of AL pela Samuel Weiser em 1975, um dos atos mais decisivos do renascimento thelêmico moderno. Com base em fontes primárias e secundárias — incluindo Liber AL vel Legis, Liber Aleph, Liber 418 e testemunhos históricos —, o autor demonstra que, apesar das disputas em torno de sua sucessão, Motta foi o receptáculo de uma chama sem a qual a transmissão contemporânea da Lei teria se extinguido.
A epístola também analisa, com sobriedade crítica, a construção das chamadas linhas de transmissão da A∴A∴ a partir da década de 1990 e.v., apontando para a distinção entre história institucional e mnemohistória iniciática. Obras como The Cult of Aleister Crowley (J. Edward Cornelius) e One Truth and One Spirit (Keith Readdy) são examinadas como exemplos contrastantes de tais narrativas. Ao final, a carta convida o leitor a compreender que a verdadeira linha de trabalho da A∴A∴ é espiritual, e sua continuidade se dá não pelo reconhecimento exotérico, mas pela fidelidade silenciosa à Luz. Assim como o beija-flor da parábola roga à serpente por veneno, mas é convidado a viver cem milhões de gerações para merecê-lo, também nós devemos viver a Lei — não apenas estudá-la — para que uma gota da Verdade nos seja concedida.
AD VESTAE SORORIS FLAMMAN OFFICIIS TRIUM
Carta a uma Probacionista

A presente carta, dirigida à Probacionista Soror Vesta, oferece uma análise criteriosa e doutrinariamente fundamentada sobre os três Oficiais da A∴A∴ — Cancellarius, Praemonstrator e Imperator — estabelecendo, em paralelo, uma comparação esclarecedora com os ofícios da O.T.O.: Frater Superior (O.H.O.), Grande Secretário Geral e Grande Tesoureiro Geral. Com base em documentos clássicos, como Um Relato da A∴A∴ E Liber CI, a carta delineia não apenas as funções administrativas e iniciáticas dessas figuras, mas também o espírito que deve animar cada uma: a retidão do registro (Cancellarius), a luz da instrução (Praemonstrator), e a força da vontade divina (Imperator). A comparação com a O.T.O. visa demonstrar que, embora ambas as Ordens compartilhem estruturas trinárias, os seus propósitos e a natureza da transmissão espiritual são substancialmente distintos — a A∴A∴ é esotérica em essência, a O.T.O., exotérica em forma.
Inspirando-se nos Livros Sagrados de Thelema, especialmente em Liber LXV e Liber VII, a carta conclui com duas parábolas de profunda sabedoria iniciática: a do homem que transforma sua túnica em estandarte (Liber VII, I:29), e a da flor que guarda uma lágrima de sabedoria (Liber LXV, II:57). Ambas ilustram a senda do aspirante como um processo de depuração silenciosa, cuja autoridade espiritual não se funda em títulos, mas em atos. Como está escrito: A flor sorriu, e em sua corola havia uma gota de orvalho, e esta era a lágrima de minha sabedoria. (Liber LXV, II:57). Essa lágrima é a marca do verdadeiro ofício interior. A carta, portanto, não apenas esclarece questões administrativas, mas transmite o espírito da Tradição Estelar: O ensino do sábio deve ser como o eco do trovão nos vales (Liber Aleph), conduzindo o leitor da dúvida à harmonia entre função e Vontade.
A FUNÇÃO DE LIBER VII NA FORMAÇÃO DO NEÓFITO DA A∴A∴
O Olho de Hoor

Esta epístola — De Natura Viae Interioris — responde a uma questão central no treinamento de um Neófito 1°=10□ da A∴A∴: por que o Liber Liberi vel Lapidis Lazuli sub figura VII, é designado como texto sagrado e meditativo neste grau? Partindo de documentos oficiais da tradição, como o Liber CLXXXV – Liber Collegii Sancti, Liber E vel Exercitiorum e Um Relato da A∴A∴, o autor demonstra que o juramento do Neófito exige um contato profundo com a natureza e os poderes do seu próprio ser — tarefa que não pode ser cumprida por meios racionais, mas pela contemplação poética, simbólica e visionária. Liber VII, recebido por Aleister Crowley em 1907 e.v. e classificado como um Livro da Classe A, oferece exatamente esse tipo de contato: sua linguagem é de êxtase e destruição do Ego, de união mística com o Absoluto e, por isso, atua como fermento iniciático sobre a alma em trânsito entre o Ruach e a Neshamah.
A carta ressalta que o Neófito é chamado não a compreender o texto, mas a ser transformado por ele — não a explicá-lo, mas a ser ferido por suas imagens, como a da videira que embriaga os deuses, o beija-flor que busca o veneno da serpente ou a besta azul celeste que devora os céus. O texto é também rigoroso em suas referências, citando diretamente passagens de Liber VII, Liber AL vel Legis, Liber Aleph, Liber Porta Lucis e Liber 418, demonstrando que essa abordagem é fiel à tradição doutrinária da A∴A∴. Frater AHA-ON 777 conclui com um chamado inspirador à prática do diário mágico, à escuta do silêncio e à permanência na leitura contemplativa de Liber VII, para que o Neófito reconheça a estrela no próprio coração — pois, como ensina o texto: Que ele que lê as palavras da verdade saiba que ele segura o cetro de poder. (Liber VII, I:40)
EPÍSTOLA DE NATIVITATE FILII LUCIS AD PROBATIONEM
Carta a um Probacionista

A carta intitulada Epistola de Nativitate Filii Lucis ad Probationem é uma resposta formal e iniciática ao pedido de um Probacionista para ingressar no Outer College Brasil da A∴A∴, após ter caminhado por outra linha de transmissão da Ordem. A carta consolida com rigor acadêmico e mística doutrinária os princípios que regem o grau de Probacionista 0°=0□ segundo os documentos da própria A∴A∴, especialmente Liber Collegii Sancti (Liber 185), Liber E vel Exercitiorum e Um Relato da A∴A∴. Ao acolher o Probacionista a carta enfatiza a função iniciática do diário mágico, o compromisso com a disciplina regular e o início de uma trajetória sob supervisão direta, alinhada com os princípios da tradição Thelêmica. A proposta de realizar a avaliação oral durante o Solstício de Inverno — momento do nascimento simbólico da Criança Mágica — reforça o vínculo entre os ritmos cósmicos e os estágios do Caminho.
Ao longo da epístola, o Praemonstrator utiliza referências precisas dos Livros Sagrados de Thelema, como Liber AL vel Legis, Liber VII e Liber LXV, integrando-os ao contexto iniciático com exatidão textual e profundidade simbólica. A carta culmina com a citação de Liber VII, I:24, que descreve o caminho de rubis do Neófito — símbolo da senda ardente da A∴A∴ — e introduz a Parábola De Via Ardentī, cujo significado é detalhado como metáfora da trajetória do novo Neófito. Trata-se, assim, de um documento que alia clareza administrativa à inspiração espiritual, funcionando como um verdadeiro exemplo de instrução epistolar viva da tradição da Estrela e da Serpente.
EPISTOLA DE LACRIMIS RUBRIS ET IGNIS INTERIORIS
Carta a um Neófito

Orientação a um Neófito da A∴A∴ sobre a dor iniciática, o Silêncio místico e o Fogo da Vontade sob a Luz da Estrela
Esta carta é dirigida a um Neófito do Outer College Brasil da A∴A∴ que, tendo cumprido adequadamente suas etapas anteriores como Estudante e Probacionista, prossegue agora no trabalho silencioso de 1°=10□. Em meio às dores espirituais e transformações internas que caracterizam esse estágio, a carta oferece uma instrução doutrinária a partir dos Livros Sagrados de Thelema — em particular, da parábola De Lacrimis Rubris (Liber VII, I:41–42), interpretada como expressão da dor redentora e da purificação alquímica da alma em contato com o Mistério da Verdadeira Vontade. A carta não marca uma transição formal, mas sim um momento de aprofundamento e orientação espiritual no seio da prática diária e da fidelidade ao Juramento do Grau.
O texto é fundamentado nas instruções clássicas da A∴A∴, e integra com rigor simbólico e precisão técnica as correspondências do Atu XII do Tarot de Thoth (O Enforcado), a visão do 8º aethyr de Liber 418, o versículo I:29 de Liber AL vel Legis, e o ensinamento do capítulo βζ de Liber Aleph sobre o sangue como fogo da Estrela. Trata-se de uma instrução viva, que conjuga aparato hermético, alquímico e cabalístico com compaixão iniciática e clareza técnica. Sua intenção é auxiliar o Neófito a compreender que as lágrimas de sangue da senda não são sinais de fraqueza, mas libações sagradas ao cálice da Criança Mágica. O fogo que sangra da estrela no peito é o mesmo que alumia o Caminho.
DE ARCANIS V: DE TRIANGULO RUBRO ET VIA INTERIORIS
Carta a um Neófito

Instrução doutrinária ao Neófito da A∴A∴ sobre o Triângulo Vermelho no Robe Negro, o Segredo do V e sua significação alquímica, cabalística, astrológica e iniciática.
Esta carta responde ao chamado interior de um Neófito 1°=10□ da A∴A∴, oferecendo uma meditação profunda sobre o triângulo vermelho invertido no robe negro — um dos símbolos mais reservados e densos da tradição iniciática. A partir de fontes doutrinárias canônicas como Liber Vesta, Liber 418, Liber Porta Lucis, Liber Aleph, O Livro de Thoth, Liber AL vel Legis, Liber VII, Liber LXV e os Atus do Tarô de Thoth, o texto revela o Segredo do V como cifra do processo de transmutação do Neófito: uma ferida ritual, uma taça voltada ao Abismo, um espelho do fogo oculto que queima silenciosamente no coração daquele que atravessa a Noite.
A epístola desenvolve interpretações gemátricas (V = 6 = Tiphareth = Vav), astrológicas (Atu XII – O Enforcado; signo de Peixes; regência de Netuno), e cabalísticas (Shin, Vav, Daleth, Tiphareth-Geburah-Yesod), revelando que o símbolo não é mera insígnia, mas um selo mágico que marca o renascimento espiritual da alma que começa a se oferecer como Graal. Como ensina o 8° aethyr de Liber 418, o coração é partido em dois, e um é como o rubi, e o outro é como o vinho — e o Segredo do V é esse sacramento: o sangue e o fogo da iniciação interior. O triângulo torna-se então o sigilo da Estrela ainda velada, o início silencioso da criança mágica, o voto do iniciado à luz que ainda não brilha — mas pulsa, secreta, sob a túnica negra.
DE STUDIO EPISTOLARUM AD FRATREM SILENTIUM
Carta a um Neófito

A epístola De Studio Epistolarum ad Fratrem Silentium, redigida pelo Praemonstrator do Outer College Brasil da A∴A∴, constitui um documento doutrinário fundamental para a instrução de Neófitos na Fraternitas A∴A∴ em solo brasileiro. Escrita em linguagem epistolar elevada, funde clareza didática e sofisticação esotérica, apresentando ao destinatário o corpus de cartas do Outer College como um novo gênero de escritura iniciática. A carta afirma a função hermenêutica, pedagógica e ritual dessas epístolas, destacando que sua natureza transcende as classificações tradicionais (A a E) da A∴A∴ ao encarnar uma tradição viva — derivada dos textos de Classe A (Liber AL vel Legis, Liber VII, Liber LXV etc.) e comentada sob a luz dos documentos de Classe B e D, como Liber Aleph, O Livro de Thoth, Liber 418 e Livro 4.
Em termos estruturais e simbólicos, a epístola opera como chave de leitura para o conjunto das cartas do Outer College Brasil, propondo um método de estudo que conjuga meditação, análise simbólica e registro ritual no diário mágico. Além disso, apresenta breves resenhas de alguns dos pilares da doutrina thelêmica — Liber AL, Liber VII, Liber LXV, Liber 418 e O Livro de Thoth — enfatizando suas aplicações práticas e valor iniciático. A carta culmina com a exegese do versículo I:40 de Liber VII, associando-o a elementos da alquimia, da astrologia, da Qabalah e da gematria, com referências cruzadas ao Liber 418, Liber 333 e Liber Aleph. Essa operação simbólica demonstra a maturidade doutrinária do autor e a sofisticação do projeto pedagógico da A∴A∴ no Brasil, configurando a epístola como peça chave na constituição de um discurso esotérico nacional em sintonia com a ortodoxia internacional de Thelema.
EPISTOLA DE OFFICIO MAGISTRI TEMPLI ET IRA DEI
Carta a um Neófito

A epístola De Officio Magistri Templi et Ira Dei, escrita pelo Praemonstrator do Outer College Brasil, constitui uma carta doutrinária sobre o grau 8°=3□ da A∴A∴, abordando com rigor simbólico e fidelidade textual a experiência da travessia do Abismo e a realização da sephirah de Binah segundo os preceitos tradicionais da Ordem. A carta descreve os processos iniciáticos associados ao colapso do Ruach, à renúncia da identidade pessoal e à absorção do Adepto Exempto no Vazio, conforme articulado nos documentos fundamentais da A∴A∴, notadamente Liber Cheth, Liber 418, Liber VII, Liber LXV e Liber AL vel Legis. O texto apresenta o conceito de Ira de Deus não como manifestação antropomórfica, mas como a consequência inexorável da inadequação da Vontade diante da fórmula da Taça. O ofício do Mestre do templo é, assim, definido em seus aspectos rituais, simbólicos e metafísicos, com ênfase na função de canal da Palavra e guardião da Cidade das Pirâmides.
A epístola encerra-se com a análise de duas parábolas extraídas de Liber VII (II:59–60) e Liber LXV (II:17–18), interpretadas à luz da tradição thelêmica, cabalística, astrológica e alquímica. A primeira, intitulada Flos Cælestis Super Me Descendit, descreve a descida da Rosa Mística como experiência de unificação e silêncio, enquanto a segunda, Gutta Mortis ex Cælo Invisibili, aborda o mistério da dissolução do adorador diante da Verdade absoluta. Ambas as passagens ilustram, de forma simbólica, os estados extáticos e destrutivos que caracterizam a realização de Binah. Com linguagem sóbria e densidade conceitual, o texto reafirma o compromisso do Outer College Brasil com a transmissão rigorosa e hierática dos princípios teosóficos da A∴A∴, posicionando-se como referência doutrinária para a instrução nos graus superiores da Tradição da Estrela.
DE MORTE SUA VOLUNTARIA EPISTOLA
Carta a uma Probacionista

A epístola De Morte Sua Voluntaria, dirigida à Soror Arcana Nox, constitui um escrito doutrinário sobre o mistério da morte iniciática no Aeon de Hórus. Desenvolvida a partir da ideia do Autoimolado, a carta interpreta essa fórmula não como símbolo de martírio, mas como gesto consciente de transfiguração interior. Através de uma exegese densa e alinhada, a epístola integra os simbolismos de Liber VII (parábola Scorpio Inter Ignem Inclusus), Liber LXV (parábola De Somno Sacro et Exhaustione Gloriosa) e o 15º aethyr de Liber 418, articulando-os à doutrina do sacrifício voluntário como centro operativo da transmutação mágica. Com precisão simbólica, o texto descreve os estágios de autodestruição do Ego e a gestação da Criança Mágica como núcleo do sistema da A∴A∴.
A carta se distingue por fundamentar sua doutrina na experiência real do Caminho, relacionando a estrutura dos Graus aos processos internos de morte e regeneração. A imagem do escorpião, cercado pelo fogo, da alma que morde a si mesma, e da Taça que exige esvaziamento total, é desenvolvida com base em Liber Aleph, Liber Yod, Liber HHH, O Livro das Mentiras e o Tarot de Thoth, sem desvios interpretativos. Ao final, o Praemonstrator evoca a tríade da Taça, da Alma e do Corpo — que se esvaziam, consomem e repousam — como expressão do Silêncio Transfigurado. Esta epístola estabelece-se como um texto-chave da teologia thelêmica do Outer College Brasil da A∴A∴, operando com a retificação e atualização da fórmula do sacrifício na tradição thelêmica.
DE SACRIFICIO CONSUMMATO EPISTOLA
Carta a uma Probacionista

A epístola De Sacrificio Consummato, escrita pelo Praemonstrator do Outer College Brasil da A∴A∴, constitui um escrito doutrinário de alto rigor sobre o grau de Adeptus Exemptus 7°=4□ e sua relação com a travessia do Abismo e o nascimento do Mestre do Templo. Estruturada em três seções, a carta articula simbolismo ritual, cabalístico e alquímico com exegese precisa dos Livros Sagrados de Thelema, especialmente Liber VII e Liber LXV, além de integrar citações literais de instruções práticas extraídas de Liber HHH, Liber 418, Liber 333 e outros documentos. Cada passagem é lida com fidelidade textual, sendo elevada a parábola iniciática com título latino e comentário hermenêutico, o que insere a carta numa tradição thelêmica de alta densidade simbólica e pedagogia esotérica.
A carta destaca-se também pela capacidade de sintetizar teurgia e mística em um único gesto sacrificial: a renúncia do Exemptus à estrutura solar da Segunda Ordem para tornar-se oferenda no seio escuro de Binah. Ao comentar passagens como Sanguis in Cælo Scriptus (Liber VII, V:48), Scorpio Inter Ignem Inclusus (Liber VII, III:41) e De Somno Sacro et Exhaustione Gloriosa (Liber LXV, IV:28–29), a epístola descreve com precisão técnica o esvaziamento do Adepto como pré-condição para a união silenciosa com a Verdade. Sua culminância doutrinária ocorre na parábola final — Lux Occulta in Abysso — que revela o núcleo teológico da via thelêmica: não há luz sem morte, nem amor sem aniquilação. O texto estabelece-se assim como um documento iniciático central para a compreensão do grau de Exemptus dentro da tradição da A∴A∴ no Aeon de Hórus.
EPISTOLA SIGNUM SILENTII: DE HARPOCRATE CUSTODE PORTAE
Carta a um Probacionista

Nesta carta doutrinária datada de 23 de abril de 2025 e.v., o Praemonstrator do Outer College Brasil responde a um Probacionista com uma exegese simbólica do Sinal de Silêncio — o gesto de Harpócrates que vela os Mistérios da Corrente 93. Inspirado pela imagem de Aleister Crowley entre colunas egípcias, a epístola articula a função do sinal como chave iniciática e símbolo da gnōsis verdadeira. A travessia do Portal da Iniciação é descrita como uma experiência de noēsis (νόησις) e gnōneía (γνώνειᾰ), termos que remetem à apreensão suprarracional e ao conhecimento que brota da unificação com a Estrela interior. O texto conjuga simbolismo thelêmico, linguística grega e interpretação dos Livros Sagrados da A∴A∴ — especialmente Liber VII e Liber LXV, mas também Liber 418 e O Livro de Thoth.
Ao tratar dos pilares simbólicos que guardam a Porta do Sol — identificados como Set e Hórus, a carta mergulha na estrutura esotérica do rito de passagem da Primeira Ordem. Harpócrates surge como o Guardião Invisível, cuja função é barrar o profano e abrir caminho ao iniciado cuja gnōsis seja autêntica. A parábola citada de Liber VII (I:59–60) revela que o conhecimento da Corrente 93 não se comunica por palavras, mas por vibração e assimilação silenciosa. Ao final, o Frater é convocado a dissolver a palavra no Silêncio — e o Silêncio na Estrela — assumindo o Sinal de Harpócrates como selo de sua transformação. Esta epístola reafirma o papel central do silêncio, não como ausência de som, mas como presença da Verdade.